terça-feira, 20 de maio de 2014

Na morte de D. Eurico Dias Nogueira, bispo emérito de Braga

O arcebispo emérito de Braga, Eurico Dias Nogueira, morreu na noite desta segunda-feira depois de "internamento súbito" no hospital. A missa exequial realiza-se na quarta-feira, às 15h30.
Era uma amigo da paróquia de S. Miguel das Caldas, de Vizela, que vive esta tristeza.


 Em Moçambique, Angola e depois do 25 de Abril, em Portugal – D. Eurico Nogueira sempre “emprestou o melhor da sua reflexão e entusiasmo” a “causas como o rejuvenescimento da Igreja, o ecumenismo e a liberdade”. Era um amigo da nossa paróquia, um bispo dialogante, mas firme, corajoso e humilde, portador da transparência dos simples e habitado pela grandeza do perdão. Em 2012, numa homenagem que lhe prestou em Braga, o seu sucessor D. Jorge Ortiga considerou que a vida de Eurico Dias Nogueira era uma "lição" e um "testemunho missionário". Com 91 anos, D. Eurico Dias Nogueira era o único prelado português ainda vivo a ter participado no Concílio Vaticano II (1962). Participou nas sessões finais, já como bispo de Vila Cabral, em Moçambique, actualmente a cidade de Lichinga (província do Niassa), no mesmo ano da sua ordenação episcopal, em Coimbra, em 1964. O Concílio Vaticano II terminou em 1965. “Ouvi a convocação do Concílio com muito entusiasmo", disse da experiência numa entrevista à Agência Ecclesia em 2012. "No início, parecia que o Vaticano, a Santa Sé, quis dominar e orientar as coisas só por ela, mas houve uma reacção forte da periferia. (…) O Concílio tornou-se um lugar de discussão clara, pública e sem reservas, mas terminado verificou-se que havia uma tendência, de novo, da Santa Sé para centralizar”, acrescentou, dizendo que defendia a realização de um Concílio de “50 em 50 anos”. Ou “no máximo de 100 em 100 anos”. D. Eurico Dias Nogueira nasceu em Dornelas do Zêzere, Coimbra, em 1923, frequentou o Seminário de Coimbra e foi ordenado sacerdote em 1945. Depois de, em 1964, ter sido ordenado bispo também em Coimbra, foi transferido, em 1972, para Sá da Bandeira, em Angola, tendo o papa aceitado, cinco anos depois, o seu pedido de resignação da então elevada arquidiocese de Lubango. Nesse ano, 1977, foi nomeado arcebispo de Braga, entregando a diocese ao seu sucessor D. Jorge Ortiga, apenas em 1999. Publicou vários livros, foi juiz de segunda instância do Tribunal Eclesiástico, leccionou em cursos de pós-graduação para juristas e advogados. E residia, nestes últimos anos, no Seminário Conciliar de Braga. Votos de profundo pesar da paróquia de S. Miguel das Caldas, Vizela.